domingo, 28 de julho de 2013

Futsal do Rio Grande do Sul, uma análise do passado, do presente e do futuro

Voltando ao passado para analisar o nosso futsal pude lembrar das equipes que chamávamos de potências, como as extintas Caixa Econômica de Porto Alegre, Enxuta e UCS de Caxias do Sul, Ulbra de Canoas, John Deere de Horizontina, SER Itaqui, AFF Cortiana de Farroupilha, entre tantas outras que engrandeciam a nossa modalidade com partidas de extrema exuberância técnica e tática. Hoje, vemos que o futsal gaúcho sofre um natural processo de renovação, na FGFS, nos clubes e associações e até mesmo nos atletas praticantes, apesar de estarmos atrás de outros estados, principalmente referindo-se a preocupação com a organização e formação do nosso futsal, ou seja, o futsal do Rio Grande do Sul foi, mas não é mais exemplo de formação de jovens atletas, tanto é que atualmente ao chegarem nas equipes principais, os atletas não tem a devida preparação, pois muitos pulam etapas importantes no seu crescimento pedagógico, técnico e tático. Podemos afirmar que o aprendizado se faz por “osmose” e que muitos atletas estão atuando no alto nível após aprenderem com a prática e a experiência dos mais velhos, provando a real necessidade da preparação dos mesmos na base e mostrando que o futsal precisa e clama por novos projetos de iniciação desportiva, assim como apoio para a formação de novos talentos. Aos poucos estamos caminhando para um novo estágio, de renascimento da preocupação com a base e com a formação de novos atletas, prova disso é a equipe da ADS de Sananduva, atual representante no estadual da Série Ouro do RS, que conta praticamente com 80% da sua equipe formada com atletas de base, com pouca idade e elevada experiência em competições estaduais, nacionais e internacionais. Da mesma forma, não é surpresa que nos anos 2011, 2012 e 2013 a multi-campeã ACBF de Carlos Barbosa/RS iniciou seu investimento maior nas categorias de base, a partir da categoria Sub-15, tanto é que já conta atualmente com jovens na Seleção Brasileira Sub-21, assim como também alcançou resultado expressivo nas competições estaduais Sub-20 nos últimos anos. Hoje o salonismo do nosso estado tem uma nova formatação na sua principal competição adulta, o campeonato estadual série ouro, onde as equipes que disputam a Liga Nacional de Futsal (ACBF, Assoeva  e Atlântico) podem concentrar suas forças e investimentos na competição nacional, ficando de fora da primeira fase do estadual e, principalmente, dando oportunidades para as demais equipes fazerem o seu planejamento anual, com maior e melhor organização, crescendo em estruturação e espelhando-se nas três equipes que disputam a Liga Nacional. Esse novo formato trouxe para o Rio Grande do Sul a revelação de novos talentos, antes apagados pelas grandes equipes do nosso futsal. Já tivemos na primeira fase da competição um nivelamento técnico e tático muito grande, onde as principais equipes mantiveram suas comissões técnicas multi-disciplinares trabalhando seus plantéis de atletas no planejamento, na repetição, no estudo e no crescimento da qualidade dos seus grupos e das partidas. O nivelamento da competição estadual na primeira fase também está na beira da quadra, com a maioria das comissões técnicas representadas por profissionais de extremo equilíbrio emocional. Claro que ainda temos equipes que não conseguem fazer uma programação anual organizada, claro que ainda sofremos com dirigentes usando o futsal como meio de crescimento político ou profissional, claro que ainda sofremos com demissões antecipadas de atletas, comissões técnicas ou não pagamentos de salários, mas podemos também afirmar que isso é minoria e tende a cair no descrédito, por se tratar de profundo amadorismo. Embora o futsal seja um esporte não-profissional, deve ser tratado como profissional pelos dirigentes responsáveis e suas equipes. Com tudo isso acontecendo, como não falar da Taça Brasil de Clubes Sub-20, competição nacional que encerrou nessa semana em Carlos Barbosa, onde o Botafogo do Rio de Janeiro sagrou-se campeão, após o empate no tempo normal e prorrogação diante da equipe da ACBF de Carlos Barbosa, mostrando o total equilíbrio entre as equipes participantes durante toda a competição. Pude ver equipes bem estruturadas e com jovens promessas do futsal brasileiro atuando e dirigindo, mas ficam sim perguntas no ar: 
 -Porque uma competição de extrema importância no cenário brasileiro do futsal não obtém patrocínio para transmissão televisiva, se na mesma semana podemos assistir em canal fechado uma competição de futebol de campo Sub-17? 
-Porque não conseguimos visibilidade para o futsal de formação/base, se o futuro do nosso esporte depende disso? 
 -Porque não estamos preocupados em mostrar novos ídolos, se são esses os melhores que migrarão para o mesmo futebol de campo, onde existe todo o marketing envolvido? 
-Pensemos que já chegou a hora de termos uma grande organização nas competições de base. 
-Pensemos que podemos utilizar essas competições para a divulgação da prática universal da modalidade por todas as idades, a fim de tornar o esporte olímpico. 
-Pensemos que precisamos preparar clubes e atletas para a visibilidade da modalidade, mostrar que estamos no país do futsal, onde a evolução do nosso futsal precisa e carece por marketing visual. Fica visível a necessidade de trabalharmos na divulgação do produto e da marca futsal, carecemos de apoio constante de órgãos, instituições públicas e privadas, clubes e dirigentes, sobre como e o que estamos fazendo diariamente nas quadras do nosso país, porque infelizmente temos atletas e treinadores de alto nível técnico caindo no esquecimento do nosso esporte, tendo que procurar outros mercados e países para atuar, maior exemplo disso são as seleções internacionais que contam com inúmeros atletas brasileiros naturalizados ou comissões técnicas formadas por brasileiros. Creio que tudo passa pelo mau planejamento do marketing gaúcho e brasileiro, a maior prova é que contamos atualmente com a maior Liga de Clubes do planeta (Liga Futsal), que mesmo com visibilidade somente em canal fechado, é amplamente assistida. Talvez devíamos seguir o exemplo dos EUA, onde podemos ver grande organização e marketing nos eventos esportivos, ginásios com alta capacidade, estrutura e beleza, mas que infelizmente ao olhar nas arquibancadas, podemos ver no máximo 100 torcedores, tratando-se de futsal propriamente dito. Não é um paradoxo ver que em 2012, com a realização do Torneio Intercontinental de Clubes, realizado na cidade de Carlos Barbosa/RS, cidade que é considerada o berço do futsal brasileiro, em canal fechado o ginásio estava completamente lotado, com milhares de torcedores fanáticos pelo esporte, vindo de todas as partes do RS e Brasil. Como não conseguimos divulgar esse trabalho para o mundo? Tenho muito a elogiar o ano de 2013 no futsal, onde equipes do RS estão aproveitando na sua maioria atletas formados no próprio RS, onde voltamos a exportar atletas para outros estados e países, onde o trabalho de base está começando a ter novamente o seu valor, onde a primeira fase dos campeonatos série ouro e prata estão sendo jogados com alta competitividade e nível técnico e tático e, acima de tudo, com muito respeito, onde a participação do RS nas competições nacionais da base ao adulto começa a dar frutos positivos, onde o valor e reconhecimento dos profissionais gaúchos, é novamente respeitado por todos no Brasil. Tenho a absoluta certeza que nós profissionais, torcedores e amantes do futsal, aguardamos dias melhores no Rio Grande do Sul, onde o futsal seja valorizado por todos desde a base até o adulto, como o esporte atual de maior estudo técnico/tático, de maior ansiedade e tensão adquirida, de maior aplicação de estratégias, de maior velocidade de reação e raciocínio, de maior equilíbrio emocional, de maior desgaste físico por ter se transformado praticamente anaeróbio, certamente o mais imprevisível e emocionante dos esportes, onde uma partida pode ser alterada e decidida em milésimos de segundos. O passado, o presente e o futuro do Futsal no Rio Grande do Sul clama e exige o devido “RESPEITO”. Fica a dica.

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